A seguir uma coletânea de textos produzidos pelos alunos dos segundos anos, turno vespertino, sob a orientação do professor Rodrigo Moreira de Almeida
Palavra comunica, silêncio também. “Sei mais silêncio que palavras”, nos disse Clarice Lispector. Num mundo de tanto ruído, o silêncio é um exercício a ver as coisas de um outro ângulo: distanciar, apreciar, ficar, sentir. Cala-se uma voz, realça-se outras potências. O isolamento nos convida ao silêncio.
A seguir um fanzine organizado pela professora Silvia Bragatto Guimarães
A professora é graduada em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (2004-2007) e mestre em Estudos Linguísticos (Stricto Sensu) pela UFES (2008-2010).
Atualizado: 17 de ago. de 2020
Carlos Roberto Nunes Ramos
Professor de Língua Portuguesa do Colégio Estadual do Espírito Santo
Graduado em Letras-Português - UFES
Pós-graduado em Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnica - IFES
Quando a vida foi fácil para a humanidade? Nunca foi. Não é mesmo? Nem antes da pandemia, muito menos agora, durante o isolamento social, entre as incertezas e os medos. E depois que isso passar, como vai ser? Quisera eu saber neste vasto mundo complexo; neste país turbulento de ódio e fascismo; e neste estado de pecado e de contradições. Agora mais do que nunca, o cuidado com a saúde tem outra dimensão. Hábitos saudáveis ganham mais valor do que o consumismo doentio. Já eram tantas demandas, necessidades básicas para sobreviver, agora surgem outras para dar conta da nova realidade. Não podemos perder o equilíbrio. Desde já uma meditação curta me alivia. Ergo a coluna, inspiro o oxigênio, retenho-o e expiro serenamente. E assim sucessivamente em sete minutos. Já de volta, retomo aos compromissos.
Dormir cedo, para acordar cedo, é mais saudável e prudente, para quem tem compromissos com a vida. É bem verdade que nas últimas décadas, com o advento da internet, somos estimulados a ler, digitar, clicar e postar enunciados, comentários, memes, etc.; inclusive varando a madrugada. No entanto, é preciso frear e disciplinar tudo no seu devido tempo. As postagens diversas dos vários interlocutores da esfera jornalística, científica, artística e pragmática nos convence à mania de espiar. É preciso um freio de mão. A internet é um vasto mundo sedutor; seja por curiosidade, seja por necessidade. Quem estuda e trabalha, precisa oscilar no tempo com os livros e cadernos; e do mesmo jeito com o celular e o computador. E as demandas domésticas? Quando convivemos em família ou em ambiente escolar e profissional, precisamos entender os deveres e os direitos de cada um. Cada um tem um papel social. Não é verdade?
No livro “Não se desespere!: provocações filosóficas”, de Mario Sérgio Cortella, o autor destaca que “o amor pressupõe, inclusive, a capacidade de discordar daquele a quem se ama”. Vivemos num mundo em que uma onda neoliberal defende um Estado mínimo, um poder público reduzido e frágil, e a privatização de serviços essenciais para a população. Essa ideologia chegou ao poder no governo federal, na última eleição, no Brasil. Tal governo foi contra o isolamento social e continua contra; tem sido negligente no combate ao coronavírus. Se não fossem os governos estaduais e municipais em estabelecer esse isolamento, a tragédia da pandemia e genocida seria maior como já é pelos números de contaminados e de mortos. Estamos em segundo lugar no mundo, ficando só atrás dos EUA. Quem elegeu esse governo? Foi uma parcela da população desinformada ou enganada pelas fake news nos meios de comunicação e nas redes sociais. Ou então é porque acreditam nesse modelo fascista de destruição. A convivência com pessoas de pensamentos divergentes deve ser de tolerância numa democracia.
Para conter os danos da pandemia, pelo menos o governo do Estado do Espírito Santo implementou medidas preventivas, para evitar o colapso do Sistema de Saúde. É bem verdade que poderia ter criado o Hospital de Campanha, para diminuir o número de óbitos do qual já é altíssimo no estado. Na educação, implementou o ensino remoto do Programa EscoLAR, que tem atendido a maioria dos alunos matriculados na Rede Estadual. O ideal seria atender a todos. Como temos uma desigualdade social acentuada no país, pois nem todos tem acesso às tecnologias de mídias nem a internet. Todavia, esses alunos podem receber atividades impressas nas escolas, entrando em contato com o estabelecimento de ensino. Além das atividades das videoaulas e do Google em Sala de Aula, um projeto interdisciplinar foi aprovado pelos professores da Área de Códigos e Linguagens. Isso é muito bom, heim!? Os estudantes poderão publicar produtos artísticos na revista CapixaBrasil. A primeira edição dessa revista foi lançada no ano passado no formato impresso. Já essa segunda edição desse ano é só no formato eletrônico. É mais um espaço de exposição e de interlocução de ideias e dos vários gêneros digitais.
E como a arte é imprescindível para iluminar a vida, vejamos os versos de um clássico da Música Popular Brasileira, Juízo Final, de Elcio Soares e Nelson Cavaquinho; expressam bem a esperança por dias melhores: “O sol há de brilhar mais uma vez. / A luz há de chegar aos corações. / Do mal será queimada a semente. / O amor será eterno novamente”. A literatura é plurissignificativa, é polissêmica. A poesia é a linguagem carregada de sentidos; ela pode estar no poema ou na prosa da crônica. O poeta Sérgio Blank escreveu no primeiro livro dele: “em papel armadilha / tenho que escrever / é o alimento do meu ego / poeta você não está prosa”. O que temos pela frente? É a esperança de que a busca da verdade, da justiça e do equilíbrio perpassa pelos estudos, pelo trabalho e pelo amor à vida. Tomara Deus que a vacina seja testada e aprovada! E assim voltaremos para construir um mundo melhor, um Brasil mais justo e um Espírito Santo mais capixaba e desenvolvido em todos os campos. É isso!